(Re) Vivendo - Quarto Capítulo por Gabriela Vilks



'' Um sentimento entre duas pessoas, qualquer que seja ele, é mais do que somente um sentimento. É o modo como se sorri, é jeito do olhar, é o modo de cuidar. É o modo de ser feliz, e fazer feliz. '' 

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Algo está muito ... certo. Pensou ele enquanto deixava um espaço entre os lábios da moça , para poderem respirar naturalmente. Um sorriso anasalado a moça soltou, que o fez sorrir também. É , tem algo muito certo por aqui. Pensou ele novamente. A fitou na escuridão, e não aguentou, teve de tocar de leve a face macia da moça, que fechou os olhos ao toque do rapaz. Linda. Pensou ele.Se lembrou da primeira noite de amor com ela. E ao invés de sentir um nó em seu peito, um riso saudoso lhe rompeu a boca. E ele se viu sorrindo feliz, a tocando na escuridão. As bochechas lisas e pouco salientes, davam um aspecto de boneca à moça, que ainda sim, tinha os olhos fechados. Bonito sentimento, pensou a moça quando sentiu o toque em seu rosto. Ele a amava realmente, teve certeza. Ninguém sorri com certas lembranças, mas ele sorrira, e não pergunte, como ela sabia que ele havia lembrado. Detalhes, pensou ela, partindo com suas mãos para a raiz do cabelo do rapaz, em sua nuca. Era onde ela adorava pousar as mãos nele. Com a outra mão, o rapaz fez o caminho do braço da moça, sentindo onde o vestido terminara, até enlaçar os dedos com os dela,novamente, que agora pousavam em seu pescoço.
 Ele sentiu sua mão ser pega, e levada para junto da outra, em seu pescoço, de modo que parecesse estar descansando. Não fez questão de saber o que exatamente ela iria fazer. Somente fechou os olhos, respirou fundo com um meio sorriso no canto da boca, e esperou. Os lábios molhados da moça tocaram-o no pescoço, como se fossem pingos de chuva gelada. Lhe causou uma sensação tão boa, de alívio. Os lábios dela demoraram em vários trechos de pele, de um lado até o outro.Ela aproveitou cada pedaço de pele, inalou o perfume forte, e desejou que o cheiro da pele do rapaz nunca mais saísse de sua memória. E como se dissesse, terminei, ela soltou as mãos do rapaz, que logo se dirigiram para sua cintura novamente. Ela deixou suas mãos no pescoço dele, como se alí, fossem seu local predileto, e ele entendera isso de cara. A cintura pequena, encoberta pelo tecido um pouco áspero do vestido , que a essa pequena altura, devia estar um pouco acima das coxas da moça. Não se importavam, a hora chegaria logo. Ela sentiu os dedos fortes a apertando em sua cintura. Eu estou aqui, ela pensou, achando que fosse um gesto de ' isso realmente está acontecendo ? ' Nem a ficha dela havia caído ainda. Mas o tempo, agora, era a menor preocupação dos dois. Em condições normais, se fossem outras pessoas, um outro rapaz e uma outra moça, poderíamos dizer que, haveria somente sexo. Nada de sentimento. É claro, o sexo é bonito, se feito com algum sentimento. E sentimento, os dois, possuíam de mais, e estavam descarregando o excesso em gestos, em gestos tão bonitos que ninguém, nem eles mesmos entenderiam. Nessa noite, não é  o prazer que dominará. Nessa noite, o amor, puro e sua essência, mudarão a visão da vida dos dois. Ele a puxou novamente para um abraço. Ele a tomou por inteiro nos braços e por ela ser pequena, posso dizer que pela força dele, ele queria que os corpos se fundissem. E assim, grudados, ficaram por alguns instantes.
- Eu quero dançar com você. - ele disse num sussurro quase inaudível para a moça.
Ele sentiu o sorriso dela em seu pescoço. E então, começou a se levantar e a puxar a moça para cima novamente. Os corpos ficaram de pé. Logo se juntaram novamente, como se fossem ímãs.
Levemente, de um lado para o outro, se mexiam. Sem nenhum som. Ele a erguera um pouco, para que os pés dela, ficassem em cima dos pés dele, já sem sapatos, tirados logo quando chegaram. Ela riu internamente, e se lembrou quando ele, fez a mesma coisa na noite de ano novo, quando somente os dois ficaram em casa, ouviram os fogos, e beberam duas taças de vinho. Dançaram em silêncio por um bom tempo. E depois, dormiram tão felizes, com a promessa de um ano novo, que não iria ser vivido pelos dois juntos. O rapaz segurou a moça forte pela cintura, e ela compreendeu como se ele de maneira alguma a queria soltar, ou estivesse com medo de cair. Ela riu de novo. A música que tocava, tinha como melodia, o som dos corações batendo calmamente, a água corrente do rio, os barulhos da floresta e dos bichos que nela habitavam. Era a natureza, era perfeito.
Depois de algum tempo, os corpos pararam. Ela afrouxou um pouco as mãos dele que estavam em sua cintura, e desceu dos pés dele. Segurou as mãos dele levemente, e as levou até o alto de suas costas, exatamente onde o zíper de seu vestido estava localizado. Ele respirou fundo, tão fundo que pareceu inalar todo o ar que pudesse. Ele se lembrou  da vez que ela havia comprado um vestido novo, e que quando chegara em casa para lhe mostrar, o maldito zíper havia emperrado. Ficaram meia hora para tentar abrir o zíper, e depois que ela tirou o vestido, ficando somente de calcinha e sutiã na sala, começaram a rir feito crianças da situação. Quando as risadas acabaram, fizeram amor no tapete de veludo da sala. Ele riu ao lembrar-se. Pegou levemente o zíper com uma mão, e com a outra, fora descendo, acompanhando o caminho do zíper, até chegar na parte mais baixa da coluna da moça. Ficou alí parado por alguns instantes, pensando na pele macia que descobrira. Ele puxou suavemente as mangas nem tão compridas do vestido para baixo, puxou as laterais, e até que finalmente, o vestido caiu num bafo no chão de madeira. Pareceu ter visto um sorriso nos lábios da moça.

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